O surgimento de uma nova vida é algo divino. A
chegada de um bebê em uma família é uma experiência muito intensa. A relação
mãe e filho e o vínculo entre eles iniciado na gestação e se concretizado no
nascimento é visto de forma muito especial por diversos profissionais,
especialmente os da psicologia. Um aspecto central deste vínculo é a
amamentação, que além da importância nutricional, traz também influências psicológicas
e emocionais para as crianças.
A psicóloga Silvia Maria Anaruma, psicóloga
docente do departamento de Educação da UNESP, destaca a importância da
amamentação como uma forma de superar o rompimento
que acontece no nascimento. A amamentação resgata o calor e a segurança que a
criança encontrava no útero; ameniza o rompimento e dá à mãe, que também é
atingida por esta ruptura, a segurança que precisa nesta nova etapa. O
desenvolvimento afetivo, então, é iniciado
nesta relação que se estabelece entre mãe e bebê e este começo poderá ser
decisivo para criar um vínculo de amor e confiança.
Como parte da formação do vínculo de amor e
confiança temos a satisfação oral que a amamentação propicia ao bebê. O estímulo
oral, próprio desta fase, dá prazer e muitas vezes, vai além da satisfação
nutricional, a criança recorre ao dedo ou à chupeta. O desmame precoce, antes
de um ano de vida, pode prejudicar esta satisfação e a conseqüente formação
futura da capacidade de confiar nos outros e na capacidade de dar e receber. O
estabelecimento do vínculo é considerado como a contribuição principal da
amamentação do ponto de vista psicológico. Vários trabalhos descrevem a
importância do contato pele a pele e do toque para os bebês; prova disso é o
método conhecido como “Mãe-canguru” usado na recuperação de bebês prematuros.
Silvia também destaca o desenvolvimento cognitivo,
as pesquisas demonstram que crianças amamentadas até o fim do segundo ano,
mostraram melhor desempenho escolar. A amamentação propicia um ótimo
desenvolvimento cerebral por meio dos nutrientes e da interação, o leite
materno protege os bebês de enfermidades que podem causar desnutrição e
dificuldades de aprendizagem e audição; assegura também a interação frequente e
expõe o bebê à linguagem, ao comportamento social positivo e a estímulos
importantes e, finalmente, desenvolve maior agudeza e enfoque visual levando à
melhor disposição à aprendizagem e à leitura. Estas são apenas algumas das
evidências que foram exploradas com relação ao tema, mas suficientes para que se
possa ter uma idéia das vantagens do aleitamento materno para um
desenvolvimento mais satisfatório e saudável do ser humano
A amamentação é um ato emocional e físico, o
contato aconchegante com o corpo da mãe fortalece o laço, ou vínculo emocional
entre a mãe e o bebe. Evidentemente este vínculo também pode acontecer com a
mamadeira, bebês que são alimentados com fórmula corretamente preparada e que
tem da mãe toda a atenção e aconchego no momento da alimentação também
desfrutarão dos benefícios psicológicos da formação deste vínculo; porém, infelizmente
perderão os benefícios nutricionais. É fato também que a amamentação no peito
facilita a manutenção deste vínculo por mais tempo, uma vez que a mamadeira
pode favorecer uma certa distância entre mãe e filho, uma vez que outras
pessoas diferentes da mãe podem a amamentar a criança; além disso, o próprio desenvolvimento
motor do bebê propiciará uma certa autonomia e diminuição das oportunidades de
contato mãe-bebê.
Obviamente muitas situações impedem a amamentação
ou antecipam o desmame; situações de saúde, o retorno da mulher ao trabalho…. Não
cabe aqui julgamentos. Mas é preciso ter sempre em mente a importância da
formação de um vínculo estreito entre o bebê e a mãe; independente do método de
alimentação.
Fonte: Desenvolvimento Humano – Diane E. Papalia e Sally W. Olds.
Aleitamento Materno e Desenvolvimento Psicológico da criança – Silvia Marina Anaruma-Depto de Educação instituto de
Biociências – UNESP – campus Rio Claro.
Fonte: Desenvolvimento Humano – Diane E. Papalia e Sally W. Olds.
Aleitamento Materno e Desenvolvimento Psicológico da criança – Silvia Marina Anaruma-Depto de Educação instituto de
Biociências – UNESP – campus Rio Claro.